Uma demônia se apossou de mim
Sim, daquelas que trazem inspiração
De momentos vazios e sem cor
Surgem flores e arco-íris no caminho
Ela inspira. Ele pira!
Uma demônia se apossou de mim
E, como sempre, esses seres incompreendidos
São, frequentemente, banidos
Expulsos, como que culpados
Por subverter uma ordem e uma ordenação
Uma demônia se apossou de mim
E a caneta volta a falar
E a cabeça volta a pensar
E o sorriso volta a brilhar
E a esperança não tinha morrido
Uma demônia se apossou de mim
Demônios podem ser mandados por Deus?
Sim, surpreendei-vos! Podem!
Chegados à Terra, caídos do céu
Trazem desafios, inspiração e piração
Uma demônia se apossou de mim
E misturou-se ao meu suspiro
E mostrou a relatividade do tempo
E transformou o medo em esperança
E subverteu toda a ordem e a ordenação
Uma demônia se apossou de mim
E misturou mal e bem
E me trouxe a vontade
De fazermos juntos o caminho reverso
Voltar ao céu do Todo-Amor
E ver que a demônia
Na verdade
É uma anja que desceu para ser Princesa!
SX
Inverno de 2019
(*) Imagem: “São Jerônimo Penitente”, de Caravaggio.