Com Lídia Santos, professora de história
O tema da conversa foram os diversos projetos realizados pela Lídia para incrementar o ensino de história nas escolas em que leciona. Os resultados foram muito positivos desde apreensão da disciplina até interação com outros professores, bem como trabalhos com direitos humanos e outros recursos.
Confira, abaixo, alguns dos materiais comentados pela professora Lídia Santos:
POR DETRÁS DAS FLORES
Tenho
Dor
Lágrimas
e rancor.
Tenho sofrimento
e arrependimento.
Sou feliz por fora
Mas sofro por dentro
Trago marcas de desamor
Feitas por um grande amor
Entre gritos e berros
Me desespero
Tapo os ouvidos
Fecho meus olhos
Calo a minha boca
Lembro daquela canção
Que a minha mãe cantava
Com dor no coração …
” e o cravo brigou com a rosa…”
E me dói lembrar que no final
A Rosa saiu despedaçada …
Procuro a esperança de uma
paz que exista para mim
E a cada dia que passa
Sonho em ter um futuro
Sorridente ( que não me falte nenhum dente)
Com uma pele limpa sem marcas
de queimaduras ardentes.
Sem dor
Sem desamor
Sem opressor
E a canção que embala
Meu futuro se faz presente…
” Companheira me ajuda
Que eu não quero andar só
Sozinha eu ando bem
Mas com você ando melhor “
Poesia feita pelo Coletivo Feminista NAGrécia. Alunas: Sara Abreu, Anna Clara Leão, Juliana Figueiredo, Brenda Nicolato, Brenda Xavier Freitas, Marcelle Souza, Ingridy Gomes, Lary Cat, Vitoria, Alexia Oliveira, Julia Bruna Goulart, Andressa, Lidia Santos.
UMA CARTA PARA ANNE FRANK
Querida Anne Frank, você não me conhece, mas conheço você e a sua triste história. Meu nome é Maryanne Telácio, tenho quatorze anos, moro na comunidade da Cidade Alta, no bairro de Cordovil.
Gostaria que soubesse, através do meu relato, que senti um pouquinho do desespero e da dor que você sentiu. Não foram por dois anos, como foi com você, foi por uma semana que parecia interminável e assustadora.
Devido a Guerra entre facções onde moro, fiquei trancada por uma semana (junto com o meu pai, minha mãe e a minha irmã), sem poder ir a escola, ver meus amigos, ir a padaria ou simplesmente ir a janela de casa.
Por conta disso, como você, perdi a festa que a escola fez para o dia das crianças, deixei de entregar um trabalho que valia nota, perdi as aulas dessa semana, entre outras coisa como, por exemplo, poder sentir o sol na minha pele.
O que passei não desejo para ninguém. Dias de muitos tiros, granadas, gritos e bandidos no quintal ao lado da sua casa.
Ficar trancada esses dias para não ser atingida por uma bala, como tantas outras “PERDIDAS”, não foi garantia de segurança, pois bem perto da minha cama, no meu quarto, está um buraco feito por uma delas.
Passamos a dormir nesses dias, Anne, no chão. Apesar de duro, era mais seguro que as nossas camas. E nos dias de tiroteios mais intensos, nos escondíamos no banheiro, que era o lugar mais seguro da minha casa.
Também vi pessoas próximas, apesar de não terem envolvimento, indo embora com o que puderam carregar, deixando para trás seus pertences, suas casas, fugidas pelo fato de terem algum parente envolvido em um dos lados da facção.
Meu pai e a minha mãe, assim como os seus, não nos deixaram sós. Durante esse período (que rezávamos para que passasse logo), eles não foram para o trabalho, pois além de temerem entrar e sair da comunidade, ficaram com medo de que a facções rival invadisse a nossa casa.
Vi minha liberdade sendo tirada, senti medo e ainda estou muito revoltada, pois minha comunidade e minha casa ficaram com as marcas dessa guerra de facção que não mede ou respeita o direito à vida do ser humano.
Deixo aqui, Anne, um desejo muito parecido com o seu de um dia poder crescer em um Mundo onde a dor seja por causas naturais e não provocada pela loucura dos homens e seu desejo de poder.
Lamento muito pelo fim da sua história. Ao contrário de você, pude rever meus amigos, voltar para a escola, tomar meu açaí na pracinha entre outras coisas, que você, pela maldade humana, foi impedida de realizar.
Sua história, de uma certa forma, me aproximou do mundo, pois pensava que esse tipo de coisa só acontecia aqui na comunidade.
Aluna: Maryanne Marins Telácio (resultado do debate sobre o filme Minha querida Anne Frank
O canal da professora Lídia no YouTube:
https://www.youtube.com/channel/UCQrSBDYcuWLJL6MGVQri2UA
LINKS PARA OS CURTAS CITADOS:
Direitos Humanos para todos os humanos:
https://studio.youtube.com/video/bAxZuIqSlF8/edit
Marielle – RE – TRATOS:
Brinquedo:
Guernica:
E agora, professora?
Releituras:
Orientação a distância:
Caramba! Me emocionei aqui com os relatos e o material dos alunos. Principalmente por ter vivido um pouco do cotidiano que ela relatou, principalmente na carta escrita pela aluna sobre a guerra. Na época eu estava ainda morando ali com meus pais. Parabéns para a nossa colega!
Que bacana, Carlos… A Lídia é mesmo uma professora especial.
Obrigado!
SX
Professora Lídia Santos, que beleza essa não entrevista com o Sandro Xavier que na verdade é mais que uma entrevista. Você deu seu recado e que recado… Permeado de esperança, de alegria, de projeto de vida, de ensino, de conteúdo… Muito bom tudo isso que você tem vivido e construído com os alunos na escola… Bravos!!! Ainda não vi os vídeos que vc anexou na página, mas não vejo a hora de poder esmiuçá-los. Boa sorte com essa galera. Que a cada dia vc seja muitíssimo recompensada pelo desabrochar de cada aluno, pelas oportunidades de fazer diferente, pelo anúncio e despertar de cada vocação… Vamos adiante que a história tá sendo construída. Por todos nós…
Um exemplo, não é, André?… eu sou fã!