Com André Ricardo Nunes Martins, jornalista e linguista
O tema da conversa foi a atuação do André como jornalista, seu trabalho como analista de discurso, especialmente investigando discursos relativos ao racismo. Ele também mostrou algumas de suas poesias, que podem ser encontradas no seu blog, para o qual você encontra o link ali embaixo.
Esta é a página do André, onde você encontra poesias, dicas, publicações e outras coisas mais:
http://andrericardomartins.wordpress.com/
Estas poesias do André citadas no vídeo – e transcritas a seguir – e muitas outras você encontra no link abaixo:
Passei do ponto
Passei do ponto
Não sei se lhe conto
Mas a sensação é essa.
Não que estragado esteja
Ou endurecido pelo tempo
Mas é como se tivesse me preparado a vida toda
Para um mundo que não mais existe.
A roda da história rodou
E eu…Eu? Passei do ponto.
(…)
Passei do ponto
Sinto-me um pouco tonto.
Não mais triste ou frustrado, perplexo
Afinal, meu entorno ficou tão complexo
Mas a vocação para ser simples está presente
Lembrando-me que não sou deste mundo
Não vim para ser feliz, mas fiel
Não vim para me dar bem, mas para resistir
Não vim para lucrar, mas sim trabalhar.
(…)
Passei do ponto
Mas novo quadro agora monto
Estava certo Lavoisier: não sumo
Sigo na estrada, muito bem acompanhado
Surpresas e peripécias não me faltam
Eis minha tão peculiar aventura
Se isso é mesmo uma queixa
Tenho mais é que esvaziá-la
Sou voluntário nessa missão.
(…)
Passei do ponto
É isso mesmo que aponto
Preciso reinterpretar e me reinventar
Repensar minhas performances
Ensaiar outras tantas vezes
Agora, a voz numa oitava acima
Num agudo nada, nada confortável
Que haja significado
Que valha para o ontem e o perene.
(…)
Passei do ponto
Mas estou pronto
Para parar aqui ou avançar um pouco mais.
Para abrir mão de agendas previsíveis
Para gargalhar como sempre – isso tem cura
Para chorar como tantas vezes atrás.
Para divergir de minha apostasia
E reviver a leveza de minha alegria
Que não é minha, é dádiva pura.
Passei do ponto II
Sim, passei do ponto
Não vou de ônibus
Mas também não vou de táxi
Carro na garagem
Nem carona vou pedir
Mas se é assim, que será de mim?
(…)
Pois é, passei do ponto
Foi de caso pensado
Mesmo que o trajeto não esteja bloqueado
Não é hora de parar
Nem mesmo de esperar
Mas de me quedar sossegado.
(…)
Claro, passei do ponto
Quando dei por mim, estava além
Sem o compromisso
De me deter por algo ou alguém
Apenas vou nessa
Não retardo, não me apresso também.
(…)
Efetivamente, passei do ponto
Diviso outras paragens (paradas?)
O burburinho da aglomeração já nem vejo
Há um quê de sossego a meu redor
Em meus passos na metrópole
O que será mesmo que almejo?
(…)
Com certeza, passei do ponto
E ainda bem que o fiz
A muvuca talvez me fizesse embarcar
Aqui nesse vagar sou bem mais eu
Em essência, projeção e entrega
Passemos, vamos amar…
Parabéns!! Por mais pessoas dispostas a trabalhar com o tema do racismo, pensando em todas as suas manifestações e nos levando a ser críticos para combate-lo.
Parabéns, Sandro Xavier, pela escolha acertiva do entrevistado.
Parabéns André Ricardo! Foi maravilhosa a sua fala.
André é show, Lídia.
SX
Obrigado pelo convite e por nossa interação na caminhada, Sandro. Abração…
Eu que agradeço, irmão… foi ótimo!
Foi uma honra minha, André. Vc é sensacional. Agradeço muito!
Que bom que gostou, Lídia. Seu retorno é um bom estímulo. Obrigado