BENFEITO, BEM-FEITO E BEM FEITO Se pudéssemos eleger as palavras que causam mais confusão na grafia da língua portuguesa, essas seriam fortes concorrentes. Vamos falar de cada uma delas e de seus significados, e tentar dar uma direção para não errar (ou diminuir as chances de equívocos). Do benfeito Esse é substantivo sempre e trouxe muito problema quando entrou na nossa lista de palavras oficiais. O Volp registrava que se tratava de adjetivo também. Daí, claro, todo “trabalho benfeito” virou isso. Mas a Academia voltou atrás e benfeito, agora, somente figura como substantivo masculino (s.m.) A dica é lembrar que se trata do contrário de “malfeito”. Um benfeito é uma benfeitoria, uma melhoria, digamos assim. Um exemplo do uso dessa palavra pode ser a seguinte frase: “O ex-inquilino deixou muitos benfeitos no apartamento”. Cuidado porque alguns dicionários ainda mostram como adjetivo. Como eu disse: não é mais. Do bem-feito Esse é somente adjetivo mesmo. É bom saber que a formação de uma unidade vai dar essa exigência de um hífen para ser escrito. É o caso de duas palavras que não podem ser separadas. Como em “Que organização bem-feita”, troque a palavra “bem-feita” por outro adjetivo: “Que organização ótima”. A palavra “bem-feita” deve se manter unida. Alguém poderia argumentar que não encontrou a palavra “bem-feito” na lista do Volp. Mas lá não são registrados todos os lexemas possíveis na língua. O que se deve saber é a regra para construí-los. Portanto, o prefixo “bem”, quando faz uma unidade sintática com a palavra a que se liga, pede o tirete. Do bem feito Acho que esse é o caso mais complicado e que, portanto, é mais difícil. A primeira compreensão que devemos ter para essa grafia é que, nesse caso, o “bem” vai funcionar como um advérbio. Assim, ele qualifica o verbo “feito” e, dessa forma, pode até ser excluído da frase sem nenhum problema. Exemplo: “O pudim foi bem feito pela minha tia”. Você pode escrever “o pudim foi feito pela minha tia” sem estranhamento (faça o teste com as frases dos outros casos pra ver que não seria possível retirá-lo). Outro caso, e talvez o que se use mais, é da interjeição “bem feito!” (lembra que interjeições sempre vêm com exclamação no fim?). Alguém se contenta com algo ruim que sucedeu a outra pessoa: “Ele tocou a campainha e correu, depois tropeçou e caiu de cara no chão. Bem feito!”. Coitado! MEA-CULPA: Na coluna “Os ‘Probos’ da nossa época”, de 5 de setembro, passou lá no quarto parágrafo a grafia “obcessão”. Claro que está errada. Isso não existe. Por favor, troque pela palavra que eu quis escrever – e já está lá na versão on-line do Jornal de Brasília: “obcecação”. Obrigado e desculpe.

Pelo link abaixo, você consegue baixar, gratuitamente, a página em PDF no site do Jornal de Brasília:
https://cdn-acervo.sflip.com.br/temp_site/issue-5765-f631a4133bdd0984db385923a5586c6f.pdf