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29. ONDE E AONDE: UMA GRANDE CRISE (Jornal de Brasília – 12 de dezembro de 2017. p. 19)

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ONDE E AONDE: UMA GRANDE CRISE

Certamente, você já ouviu alguém perguntar “aonde você tá?” muitas vezes, não é mesmo? E, quase certamente também, posso dizer que você nem estranhou. Ou estranhou?

Se estranhou, por que seria?
Costumo dizer que a língua que a gente aprende a escrever e a falar nos ambientes que tratamos como “mais monitorados”, ou seja, aqueles em que a patrulha do “erro” vai buscar mais ocorrências de acordo com o que chamam de “norma culta” (eu chamo de norma padronizada), é uma segunda língua.

Essa situação mesmo da diferença entre o onde e o aonde é algo que se aprende. Pode ser na escola ou mesmo em casa, se você tem alguém lá que se preocupa com isso. Ouso dizer que, se você, portanto, estranha o “onde você tá?”, é porque foi municiado com esse conhecimento que não é tão natural.

Fique parado onde você está
É claro que se falamos desse estranhamento, é porque a pergunta “aonde você tá?”, segundo a norma padronizada, aquela que a gente aprende, portanto, a que não é tão natural, é considerada um equívoco. Dessa forma, diferentemente do que foi escrito, o que se tem como correto é: “Onde você tá?”

Isso porque o advérbio “onde” dá a ideia de um local parado, fixo, que não tem movimento. Sempre que eu quero fazer a diferença entre o onde e o aonde eu penso em uma linha ou em um ponto. O onde está relacionado com esse ponto. É algo parado num lugar. Portanto, voltemos à pergunta inicial, pensando o seguinte: quem está em algum lugar está paradinho, não é? Daí, lembramos o ponto a que me referi. Resultado: “Onde você está?”

Você vai aonde quer
Ainda na questão inicial, temos o verbo estar, que não denota movimento. Quem está, fica parado em algum lugar. Então, relembrando, pensamos no ponto. O verbo, portanto, vai ser o motivador para refletirmos sobre o ponto ou a linha.

Vejamos que, na frase “você vai aonde quer”, temos o verbo ir. Com ele temos que pensar em movimento. Alguém que está indo sai de um ponto a outro e traça a linha que eu falei que imagino. Nesses casos, entra o aonde. Aonde você vai? (pense na linha). Bem diferente de “onde você está” (pense no ponto).

Uma dica que não falha
Como o aonde pressupõe que se use com um verbo que exija a preposição “a”, então é bom perguntar, por exemplo: vai a que lugar? Olha a preposição a aí. Já com está em que lugar?, não encontramos o a. E tem mais, se tiver dúvida, use o “pra onde”. Como teste, somente: Pra onde você vai? Dá. “Pra onde você está?” Não dá. Sacou?

Pelo link abaixo, você consegue baixar, gratuitamente, a página em PDF no site do Jornal de Brasília:

https://cdn-acervo.sflip.com.br/temp_site/issue-5815-0806bd826aa9afed9ea8c2a97f95e947.pdf

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