Sim, a polêmica sobre a grafia de paraolímpico, utilizada não somente pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, mas também, amplamente, pela imprensa na cobertura dos jogos foi o estopim para a produção desse texto. Dá uma olhada, então, por que é paraolímpico,
É PARAOLÍMPICO, CARAMBA!
Sim, é paraolímpico. Mas por quê? Só porque a Academia Brasileira de Letras (ABL) assim determinou? E quem essa tal ABL está pensando que é pra poder ficar mandando no jeito como a gente escreve as coisas? Vamos adiante pra entender.
Quem é a Academia Brasileira de Letras (ABL)?
A ABL é a instituição determinada pelo Decreto nº 6.583/2008, que promulga o Acordo Ortográfico de 1990, o conhecido Novo Acordo, para colaborar com a confecção de um Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, o chamado Volp.
Sem querer entrar em controvérsias, porque as há, podemos dizer que a ABL é a entidade que tem a primazia de fazer as devidas pesquisas e orientar para as grafias consideradas corretas das palavras utilizadas na língua portuguesa.
É por isso que, para além dos dicionários, que registram algumas grafias e definições diversas, o Volp vai nos apontar para as formas aceitas de acordo com a norma padronizada da nossa língua.
Mas e o lance do paraolímpico?
Há poucos dias, a ABL orientou para o uso da palavra “paraolímpico”. Precisou fazer isso porque a difusão do equivocado “paralímpico” tomou conta do país. Tal proliferação é fruto da observação do que fazem os órgãos de imprensa. Como se divulga, o povo adota. Essa prática mostra o quão importante, em termos de educação, é o resultado de um trabalho jornalístico para a construção do conhecimento de um povo. Muitos não levam isso a sério.
“Paralímpico” nada mais é do que a aceitação do Comitê Paralímpico Brasileiro de uma solicitação do comitê internacional para que se padronizasse (claro, de acordo com o que se grafa na língua inglesa) como “paralympics”. Então, nossa solidariedade (não vamos dizer subserviência) fez essa benesse.
Como um nome próprio, a grafia do organismo é “Comitê Paralímpico Brasileiro” e essa é a única ocorrência dessa palavra “paralímpica”, posto que ela tem uma mutilação, como vamos ver adiante.
Por que a palavra não pode ser assim, pelo menos em português?
A construção de palavras tem uma regra comum a todas essas situações na nossa língua. No caso de paraolímpico, temos a junção de um afixo, no caso, o prefixo, porque está antes, com um radical, que vem de olimpíada, olímpico e coisas afins.
A palavra principal é, todos sabemos, olimpíada. Ela não pode ser mutilada no seu radical: “olimpia-”. Ele precisa ser preservado sempre. Então, o que pode ser mexido é o prefixo: “para-”. Eu até tinha dito que aceitaria “parolímpico”, porque o prefixo pode se adaptar, mas “paralímpico” mata a palavra principal. Então, principalmente após a explicação da ABL, sem dúvida, paraolímpico, caramba!caramba!
Como sempre, a gente tentando se adequar ao modelo inglês. Concordo contigo, vamos preservar o radical, sob o risco do tal Olympo lançar raios sobre nossas cabeças. Caramba!
Hahahah… boa, Serjão…
sx